Mulher é encontrada morta dentro de uma MALA, mas o que chama atenção da polícia é q… Ver mais
O enterro de Helmarta Sousa Santos Luz, de 38 anos, ocorrido neste sábado (28) em Mutuípe, no Vale do Jiquiriçá, foi marcado por fortes emoções e uma profunda sensação de revolta. A tragédia que tirou sua vida mobilizou não apenas os moradores locais, mas também familiares e amigos que viajaram de Valença, cidade onde Helmarta morava, para prestar as últimas homenagens. O clima era de pesar, mas também de união, com muitos se juntando em caravanas para acompanhar o cortejo até o cemitério.
O trajeto do funeral não foi breve, com uma caminhada de cerca de 800 metros até o cemitério. Durante o percurso, os presentes aplaudiam em homenagem à vítima, enquanto clamavam por justiça. A dor da perda foi acompanhada por gritos de indignação contra a violência que vitimou Helmarta. Entre os apelos, um pedido se destacou: o fim da violência contra as mulheres, uma problemática que, infelizmente, se tornou recorrente no Brasil e que atinge níveis alarmantes.
Helmarta havia desaparecido no dia 24 de setembro, uma terça-feira. O desfecho trágico veio na sexta-feira (27), quando seu corpo foi encontrado. A descoberta chocou a todos: o corpo foi localizado dentro de uma mala submersa a 25 metros de profundidade no rio Jacuripe, próximo à Ponte do Funil, na região de Itaparica. Equipes de resgate, habituadas a operações difíceis, se depararam com uma cena que ultrapassa os limites do horror, trazendo à tona um episódio de violência extrema que abalou toda a comunidade.
A revelação de que Helmarta foi encontrada em uma mala submersa deixou a população em choque. Apesar da experiência das equipes de resgate em lidar com situações adversas, o caso ganhou contornos especialmente cruéis. A brutalidade com que ela foi morta e descartada reforçou a discussão sobre a violência de gênero, especialmente em contextos de relacionamentos abusivos, como o que ela vivia. Informações de amigos e familiares confirmaram que Helmarta sofria abuso psicológico e físico por parte de seu ex-marido, Carlos Mendes Júnior, o autor confesso do crime.
Carlos, que foi preso na quinta-feira (26), confessou ter estrangulado Helmarta com uma corda, no dia do crime, e depois colocado o corpo no carro para jogá-lo da Ponte do Funil, de uma altura de aproximadamente 20 metros. Sua frieza em relatar o assassinato deixou todos perplexos. Inicialmente, ele tentou fornecer um álibi, mas foi desmentido por imagens de câmeras de segurança e outras evidências, incluindo arranhões em seu corpo. Pressionado pelas provas, acabou admitindo a autoria do crime e indicando o local onde havia ocultado o corpo de Helmarta.
O caso trouxe à tona detalhes perturbadores sobre o relacionamento que os dois mantinham. Apesar de estarem separados há oito meses, Carlos não aceitava o término e insistia em reatar, mesmo após 16 anos de relacionamento e uma filha de 15 anos em comum. Relatos de familiares e amigos indicam que, ao longo da relação, ele exibia comportamentos abusivos, com crises de ciúmes que tornaram a convivência insustentável para Helmarta. Ela buscava se afastar de vez, mas infelizmente, encontrou o fim trágico que tantas outras mulheres no Brasil também enfrentam quando tentam romper com parceiros abusivos.
Este crime é mais um exemplo doloroso de feminicídio, uma realidade constante e devastadora no país. A incapacidade de muitos homens em aceitar o fim de um relacionamento tem resultado em tragédias que se repetem, e a morte de Helmarta é mais um lembrete cruel dessa realidade. A questão de gênero, que permeia esses crimes, precisa ser tratada com maior urgência e seriedade pelas autoridades e pela sociedade como um todo. Cada história de violência contra a mulher evidencia a necessidade de políticas mais eficazes de prevenção e proteção.
As investigações continuam, e a polícia está apurando se Carlos teve a ajuda de alguém para cometer o crime. O veículo dele passará por uma perícia detalhada em busca de novas evidências. Há também a possibilidade de Carlos ser ouvido novamente, a fim de esclarecer se mais pessoas estão envolvidas neste ato brutal. Enquanto isso, a cidade de Valença, junto com os amigos e familiares de Helmarta, clama por justiça e pela responsabilização completa dos envolvidos.
A morte de Helmarta Sousa Santos Luz deixou uma ferida profunda em todos que a conheciam. Seu falecimento é mais uma tragédia de uma longa lista de mulheres vítimas de violência de gênero no Brasil. A luta agora é para que sua memória seja honrada, e que sua história ajude a despertar ainda mais a consciência coletiva sobre a necessidade de proteger as mulheres. Só assim, um dia, será possível erradicar essa violência que vitima tantas vidas.