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URGENTE: Onça que matou idoso acaba de ser capturada, ela estava com… Ver mais

Um cenário selvagem, um ataque brutal e a captura de um dos predadores mais emblemáticos das Américas: a história que se desenrola no coração do Pantanal sul-mato-grossense parece roteiro de documentário, mas é real. Uma onça-pintada de 94 quilos foi capturada por uma equipe especializada após ser apontada como a possível responsável pela morte de Jorge Ávalo, um caseiro de 60 anos, na última segunda-feira (21), na remota região de Touro Morto, em Aquidauana (MS).
O caso, cercado de mistérios e desafios logísticos, mobilizou pesquisadores, guias e policiais militares ambientais. A operação de captura exigiu habilidade e persistência: o felino, já debilitado, foi encontrado em meio à vegetação densa e úmida do Pantanal, após dias de buscas interrompidas pelas cheias dos rios Miranda e Aquidauana.

O ataque que chocou a comunidade
Jorge Ávalo foi surpreendido enquanto trabalhava próximo a um pesqueiro, uma área conhecida por ser de difícil acesso e frequentemente visitada por pescadores e moradores locais. O ataque ocorreu sem testemunhas, mas marcas no corpo e pegadas nas proximidades levaram os especialistas a suspeitarem de uma onça-pintada.

“É um episódio raro, mas não impossível. Precisamos entender o que levou o animal a agir dessa forma”, disse o biólogo Gedienson Araújo, membro da equipe que localizou a onça.

Segundo ele, o animal estava visivelmente magro, o que pode indicar escassez de alimentos ou algum problema de saúde. Para garantir a segurança durante o transporte e monitoramento, foram instalados um acesso venoso e sensores para medição de frequência cardíaca e temperatura corporal. A onça será encaminhada a um centro de reabilitação para avaliações clínicas e comportamentais.

Touro Morto: onde a natureza dita as regras
A região onde o ataque ocorreu é praticamente inóspita. Localizada a cerca de 150 quilômetros da cidade de Miranda, Touro Morto pertence ao município de Aquidauana, que tem 75% de seu território coberto pelo bioma pantaneiro.

Ali, o cenário é dominado por uma vegetação exuberante, rios volumosos e uma fauna diversa. É também uma das últimas fronteiras selvagens do Brasil — um santuário ecológico que, apesar da beleza, esconde riscos.

Segundo o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), o Pantanal é o bioma com o maior índice de espécies em estado de preservação no país, abrigando desde jacarés e ariranhas até grandes felinos como a onça-pintada e a onça-parda.

A onça-pintada: predadora, símbolo e desafio
A onça-pintada (Panthera onca) é o maior felino das Américas e ocupa o topo da cadeia alimentar no Pantanal. Seu comportamento é, na maioria das vezes, discreto e recluso. Ataques a humanos são extremamente raros e, geralmente, relacionados a situações excepcionais, como doenças, velhice, fome extrema ou perda de habitat.

Heriberto Gimenes Junior, pesquisador da UFMS, afirma que a interação entre humanos e grandes predadores tende a aumentar quando há desequilíbrios no ecossistema. “A preservação é um fator positivo, mas quando o território se comprime por queimadas, invasões ou escassez de presas, esses animais podem se aproximar de áreas humanas em busca de sobrevivência”, explica.

O que será da onça agora?
A principal dúvida que paira no ar é: essa onça realmente foi a responsável pela morte do caseiro? A equipe de biólogos e veterinários do centro de reabilitação investigará essa possibilidade com base em exames clínicos, análises comportamentais e possíveis vestígios genéticos.

Enquanto isso, cresce o debate sobre a convivência entre humanos e animais selvagens em áreas de preservação. A captura do felino traz à tona questões urgentes sobre conservação, segurança em regiões isoladas e a necessidade de políticas públicas que aliem proteção ambiental ao bem-estar das comunidades locais.

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A história da onça capturada no Pantanal é mais do que um caso isolado — é um retrato complexo da interação entre homem e natureza. Um lembrete de que, em terras onde a selva ainda pulsa com força, o equilíbrio é frágil e a convivência exige conhecimento, respeito e cautela.