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Novo Caso: Fotógrafo Brasileiro morre em montanha, o seu corpo acabou sendo… Ver mais

Durante dias, tudo o que se ouvia era o vento cortante das montanhas. A neve, implacável, cobria pistas. O silêncio, por vezes absoluto, só era quebrado pelas vozes esperançosas das equipes de resgate. Em meio à vastidão da Cordilheira dos Andes, no Peru, a pergunta ecoava sem resposta: onde estava Edson Vandeira?

O fotógrafo brasileiro de 44 anos havia desaparecido no dia 1º de junho, após partir para uma escalada de alto risco sem guia, acompanhado apenas por dois montanhistas peruanos, Pretel Alonzo Homer Efraín e Picón Huerta Jesús Manuel. A notícia de seu sumiço se espalhou entre familiares, amigos e na comunidade de aventureiros da América Latina, desencadeando uma mobilização intensa para encontrá-lo.

Agora, quase três semanas depois, o desfecho chegou — e com ele, um silêncio mais pesado que o anterior. O corpo de Edson foi encontrado neste último domingo (22), em uma área remota e de difícil acesso, a mais de 5 mil metros de altitude. Junto a ele, estavam os corpos dos dois companheiros de jornada.

Uma missão arriscada, um resgate épico

A operação de busca e resgate foi uma verdadeira corrida contra o tempo — e contra a própria natureza. Helicópteros sobrevoaram regiões inóspitas, enquanto equipes terrestres enfrentavam ventos fortes, terreno acidentado e temperaturas congelantes. As condições climáticas foram tão severas que, em 11 de junho, os trabalhos tiveram que ser suspensos temporariamente.

Mas a esperança não se rendeu. Dias depois, os esforços foram retomados com força total. A coordenação da operação contou com a Associação de Guias de Montanha do Peru (AGMP), autoridades locais e voluntários com experiência em resgates de alta montanha. O desafio: encontrar pistas mínimas em um dos terrenos mais hostis do mundo.

A resposta só veio na última semana, quando sinais foram detectados em uma das rotas próximas à trilha onde o grupo havia desaparecido. E então, o pior se confirmou.

“Ele partiu fazendo o que amava”

Jackeline Vandeira, irmã de Edson, acompanhava cada notícia com o coração apertado. Quando veio a confirmação, o luto se misturou a uma dolorosa aceitação. “O Edson sempre pertenceu à montanha, e isso nos conforta”, disse ela, com a voz embargada.

Para a família, Edson não foi apenas uma vítima da tragédia — foi um apaixonado pelas alturas, um homem que encontrou nas montanhas o sentido da própria vida. “Ele sabia dos riscos. E ainda assim, escolheu viver esse sonho até o fim”, completou Jackeline.

Uma carreira moldada entre rochas, gelo e silêncio

Edson Vandeira não era um aventureiro qualquer. Começou sua carreira como fotógrafo aos 19 anos, ainda nos arredores de São Paulo. Mas foi em 2008 que sua vida tomou outro rumo: começou a registrar suas viagens por trilhas e montanhas, e rapidamente se tornou referência em fotografia de natureza e aventura.

Seu talento o levou longe. Vandeira colaborou com veículos de peso como National Geographic e History Channel, capturando imagens raras e carregadas de emoção em regiões isoladas do mundo. Suas fotos de paisagens congeladas, vulcões ativos e culturas tradicionais em lugares extremos não apenas impressionavam — elas contavam histórias.

Sem guia, com coragem — e com riscos

A tragédia levanta também uma discussão delicada: os riscos de trilhas realizadas sem acompanhamento profissional. Edson e seus colegas optaram por subir a Cordilheira dos Andes de forma independente, sem guia local. Isso, segundo especialistas, comprometeu não apenas a segurança do grupo, mas também dificultou drasticamente as buscas.

A região é conhecida por suas mudanças súbitas de clima e altitudes extremas, exigindo preparo técnico e orientação constante. A ausência desses fatores pode ter sido fatal.

O eco de uma despedida

Agora, com os corpos localizados, a família de Edson poderá finalmente dar a ele uma despedida digna — embora nada seja capaz de preencher o vazio deixado por sua ausência. A tragédia do fotógrafo brasileiro se soma a tantas outras que envolvem aventureiros apaixonados por cenários extremos, que pagam com a vida por desafiar os limites do mundo — e os seus próprios.

Mas, para quem o conheceu de perto, Edson Vandeira não será lembrado pela forma como partiu. Será lembrado pelas imagens que deixou, pelos momentos que congelou no tempo, pelos sonhos que não cabiam em terra firme.

E, sobretudo, por ter vivido — intensamente, perigosamente, mas plenamente — até o fim.