A estranha reação de Trump ao saber da condenação de Bolsonaro, falou q… Ler mais

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a gerar repercussão internacional nesta quinta-feira (11) ao comentar a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em julgamento que analisou sua participação em um suposto plano de golpe de Estado no Brasil. Em declarações à imprensa americana, Trump afirmou estar “muito surpreso” com a decisão da Corte brasileira e não poupou elogios ao ex-aliado político. O republicano comparou o caso com situações vividas por ele próprio nos EUA, reforçando a narrativa de perseguição política.
“Eu assisti ao julgamento. Eu o conheço muito bem. Líder estrangeiro, eu achava que ele era um bom presidente do Brasil. E é muito surpreendente que isso tenha acontecido. É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram”, declarou Trump. Ao se referir ao processo brasileiro, o ex-presidente americano sugeriu que Bolsonaro estaria sendo vítima de injustiça, insinuando paralelos com as investigações e acusações criminais que ele mesmo enfrenta em território norte-americano.
A condenação de Bolsonaro pelo STF, que o declarou culpado por articular um plano de ruptura institucional, repercutiu intensamente dentro e fora do país. Para a maioria dos ministros, o ex-presidente brasileiro ultrapassou limites constitucionais ao tentar desacreditar o sistema eleitoral e estimular setores das Forças Armadas contra os resultados das urnas. O julgamento é visto como um marco na responsabilização de autoridades de alto escalão que questionaram a democracia brasileira, mas também abre espaço para controvérsias políticas e jurídicas.
Trump, no entanto, preferiu adotar um tom de solidariedade. “Eu sempre o achei muito direto, muito excepcional, na verdade, como homem, um homem muito excepcional. Eu acho que é uma coisa terrível. Muito terrível. Acho que é muito ruim para o Brasil”, afirmou. As palavras do republicano reacendem o debate sobre a proximidade ideológica entre os dois líderes, que durante seus respectivos mandatos foram aliados em pautas conservadoras, ambientais e de política externa. Ambos construíram suas carreiras recentes apoiando-se em discursos de forte apelo popular, nacionalista e crítico às instituições tradicionais.
Nos Estados Unidos, a fala de Trump já repercute entre seus apoiadores e críticos. Para aliados, a condenação de Bolsonaro confirma a ideia de que há uma perseguição global contra líderes conservadores. Já opositores consideram que Trump tenta manipular o episódio brasileiro para reforçar sua narrativa de vítima no cenário eleitoral americano, uma vez que ele também responde a acusações judiciais que podem afetar sua candidatura em 2024. Especialistas em política internacional destacam que o gesto de solidariedade ao ex-presidente brasileiro deve ser lido, antes de tudo, como uma estratégia eleitoral voltada ao público interno.
No Brasil, a reação de Trump promete dividir ainda mais as opiniões. Entre apoiadores de Bolsonaro, a manifestação do ex-presidente americano é vista como um sinal de apoio e reconhecimento internacional. Já setores da oposição interpretam as declarações como uma interferência indevida em decisões soberanas do Judiciário brasileiro. A menção direta ao STF também alimenta discussões sobre a influência externa em momentos sensíveis da democracia nacional, especialmente quando parte de lideranças estrangeiras que já tiveram histórico de tensionamento com suas próprias instituições.
Analistas consideram que a fala de Trump pode ter efeitos simbólicos importantes. De um lado, fortalece a narrativa de Bolsonaro e de seus aliados de que o julgamento teria sido motivado por razões políticas. De outro, evidencia o isolamento internacional do ex-presidente brasileiro, que tem encontrado respaldo apenas em figuras alinhadas a uma direita populista global. Ao contrário de líderes europeus e latino-americanos, que têm evitado comentar o caso, Trump optou por dar visibilidade ao episódio, colocando novamente o Brasil no radar da política americana.
A condenação de Bolsonaro e a reação de Trump reforçam o entrelaçamento das crises políticas dos dois países. Se nos Estados Unidos a democracia vem sendo testada pelos ataques à legitimidade das eleições de 2020, no Brasil, a decisão do STF representa uma tentativa de traçar limites claros contra qualquer aventura golpista. Resta saber se, para além das palavras, a solidariedade de Trump terá algum impacto prático no futuro político de Bolsonaro ou se será apenas mais um capítulo no roteiro de aproximação entre dois líderes que se tornaram símbolos de uma mesma onda conservadora mundial.
