Esse é o plano de Trump para ajudar Bolsonaro, ele disse q… Ler mais

A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (11), ganhou contornos internacionais após declarações contundentes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O líder norte-americano classificou como “terrível” a decisão que impôs a Bolsonaro 27 anos e 3 meses de prisão por participação na chamada trama golpista, e comparou o caso ao que chamou de perseguições sofridas em seu próprio país. As falas provocaram surpresa nos meios diplomáticos e reacenderam discussões sobre o impacto político da sentença além das fronteiras brasileiras.
Durante uma entrevista coletiva, Trump afirmou que vê semelhanças entre o processo que condenou Bolsonaro e as tentativas de inviabilizar sua candidatura nos Estados Unidos. “É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram de jeito nenhum. Só posso dizer o seguinte: eu o conheci como presidente do Brasil e ele é um bom homem”, declarou. O presidente americano destacou ainda que sempre considerou Bolsonaro “um líder notável” e que a decisão do STF representaria um retrocesso democrático.
As palavras de Trump não foram isoladas. Poucas horas após o julgamento, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, usou a rede social X para anunciar que Washington dará uma resposta “adequada” ao que classificou como “caça às bruxas” contra o ex-presidente brasileiro. “As perseguições políticas do violador de direitos humanos Alexandre de Moraes, sancionado, continuam, já que ele e outros membros do Supremo Tribunal Federal decidiram injustamente pela prisão de Jair Bolsonaro. Os Estados Unidos responderão de forma adequada”, escreveu Rubio. A declaração elevou a temperatura diplomática e gerou inquietação no Itamaraty.
No Brasil, a fala de Trump dividiu opiniões e provocou reações imediatas no meio político. Aliados de Bolsonaro comemoraram o apoio explícito vindo da Casa Branca, reforçando o discurso de que a condenação é resultado de uma perseguição judicial. Já parlamentares da base do governo e juristas próximos ao STF criticaram duramente a interferência estrangeira, classificando as declarações como um ataque direto à soberania e ao sistema de Justiça brasileiro. Para esses setores, o episódio revela uma tentativa de pressionar o Judiciário brasileiro por meio de alinhamentos ideológicos.
Especialistas em relações internacionais alertam que a situação pode abrir uma crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos. Embora Trump tenha evitado falar diretamente em sanções, o pronunciamento de Rubio sinaliza que o governo norte-americano pode adotar medidas práticas em resposta ao julgamento, seja no campo econômico ou em fóruns multilaterais. “É um movimento que precisa ser observado com cautela. Uma condenação interna, respaldada pelo STF, não deveria se tornar objeto de ingerência externa. Se houver medidas concretas, a relação bilateral pode se deteriorar rapidamente”, afirmou o cientista político Felipe Nunes.
Ao mesmo tempo, a repercussão internacional reforça o caráter inédito do processo contra Bolsonaro. Nunca antes um ex-presidente brasileiro havia sido condenado a uma pena tão longa por crimes relacionados a tentativa de golpe de Estado. A mobilização de lideranças internacionais, especialmente de um presidente dos Estados Unidos, acrescenta uma nova dimensão ao caso, transformando-o em um tema geopolítico. Isso levanta questionamentos sobre até que ponto a decisão do STF pode reverberar em disputas de poder globais e em narrativas políticas além do Brasil.
O episódio, portanto, coloca o Brasil no centro de um debate que extrapola suas fronteiras: a defesa da democracia e o respeito às instituições versus a acusação de perseguição política. Se para alguns a condenação de Bolsonaro representa um marco histórico no fortalecimento do Estado de Direito, para outros é a evidência de que o Judiciário teria ultrapassado limites. O apoio de Trump ao ex-presidente brasileiro promete alimentar ainda mais a polarização no cenário interno e, ao mesmo tempo, testar os limites da diplomacia entre Brasília e Washington nos próximos meses.
