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Declaração chocante de Trump deixa ministros em desespero, ele v… Ler mais

A recente condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) não apenas encerrou um capítulo turbulento da política brasileira, como também lançou novas ondas na já delicada relação diplomática entre Brasil e Estados Unidos. O julgamento, marcado por intensas pressões vindas de Washington, mostrou ao mundo que o Judiciário brasileiro manteve sua independência diante das ameaças de retaliação econômica impostas pelo governo de Donald Trump. Para auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), essa postura fortalece a imagem do Brasil como uma democracia soberana, mas também abre espaço para novos desafios no cenário internacional.

Nos bastidores do Planalto, a leitura é de que a decisão do STF desarmou temporariamente uma bomba política, mas deixou em aberto o risco de represálias vindas da Casa Branca. A sobretaxa de 50% imposta por Trump a produtos brasileiros foi uma clara tentativa de condicionar a Justiça brasileira a arquivar o processo contra seu aliado ideológico, Bolsonaro. Como o tribunal manteve a condenação, a expectativa agora é de que o foco da pressão americana se desloque do Judiciário para o Congresso Nacional, onde pode ganhar força um movimento pela anistia dos envolvidos no golpe de Estado.

Apesar do peso da sentença, auxiliares de Lula acreditam que a crise diplomática está longe de uma solução. Para eles, Trump tem interesse direto em prolongar a tensão até 2026, quando Lula deve disputar a reeleição. O cálculo é simples: quanto mais desgastado estiver o atual governo, maiores as chances de a direita brasileira recuperar espaço e, consequentemente, alinhar-se ao projeto internacional defendido por Trump. Esse cenário mantém em aberto uma guerra fria política que mistura sanções econômicas, pressões diplomáticas e o futuro da democracia brasileira.

Outro ponto central nas análises do governo é a leitura de que a ofensiva americana pode se intensificar sobre autoridades individuais. Em vez de ampliar barreiras tarifárias — medida que trouxe desgaste para Trump após críticas de empresários dos dois países —, a aposta é que sanções sejam direcionadas a ministros do STF e a membros do Executivo. Essa estratégia teria um duplo efeito: desgastar o sistema institucional brasileiro e enfraquecer figuras-chave do governo Lula. Mesmo assim, o entendimento no Planalto é de que uma resposta na mesma moeda, como retaliações comerciais, seria precipitada e poderia ampliar ainda mais o isolamento do país em um momento de busca por novos mercados.

Nesse contexto, ganha força no governo a estratégia apelidada de “jogar parado”. A ideia é evitar medidas de reciprocidade tarifária e apostar em uma agenda de diversificação comercial, fortalecendo parcerias com Europa, Ásia e África. O discurso oficial seguirá defendendo a soberania nacional e condenando ingerências externas, mas sem abandonar a porta aberta para negociações futuras com os EUA. A avaliação é de que a melhor resposta às sanções é mostrar resiliência diplomática, enquanto se garante que a economia brasileira continue competitiva em outros mercados.

O diálogo com Washington, no entanto, segue em compasso de espera. Autoridades brasileiras acompanham com lupa as declarações de membros do governo americano, notando uma diferença de tom entre Trump e o secretário de Estado, Marco Rubio. Enquanto o presidente americano endurece contra Brasília, Rubio tem adotado uma retórica mais inflamada, o que aumenta a percepção de que o Brasil se tornou peça estratégica na disputa eleitoral interna dos Estados Unidos. Para o Itamaraty, esse é um sinal de que qualquer solução definitiva só virá após a definição do cenário político em Washington.

Ao fim, a condenação de Bolsonaro reforçou uma mensagem que o governo Lula deseja repetir dentro e fora do Brasil: instituições independentes são pilares de uma democracia sólida. Mesmo diante de sanções e pressões internacionais, o STF demonstrou que não está disposto a abrir mão de sua autonomia. Essa atitude, embora arriscada no curto prazo, fortalece a imagem do país como ator soberano na cena global. Para o governo, a chave agora é transformar essa postura em ativo político, usando a crise como trampolim para reposicionar o Brasil como protagonista em negociações multilaterais. O preço pode ser alto, mas, como avaliam os auxiliares de Lula, recuar diante das ameaças significaria não apenas fragilizar o país, mas também legitimar a interferência externa nos rumos da democracia brasileira.