AGORA VAI: Olha só o que Bolsonaro fez com Lula
O cenário político atual mostra uma predominância dos candidatos apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro nas disputas municipais em grandes cidades do Brasil. Um levantamento recente, divulgado pela Folha de S.Paulo em 30 de setembro, revela que esses candidatos estão à frente nas pesquisas de intenção de voto em mais prefeituras de grandes cidades do que os aliados do presidente Lula. Esse dado sugere que, embora tanto Bolsonaro quanto Lula sejam figuras influentes na política nacional, o impacto de seus apoios nas campanhas municipais pode não ser tão decisivo quanto se imaginava inicialmente.
O levantamento analisou 103 dos maiores municípios brasileiros, que possuem mais de 200 mil habitantes e onde é previsto um segundo turno. Dos candidatos nesses municípios, 23 que contam com o apoio de Bolsonaro lideram as pesquisas, sendo 11 deles com uma vantagem isolada, ou seja, sem empatar com nenhum concorrente. Em contrapartida, apenas 16 aliados de Lula aparecem à frente nas pesquisas, e apenas cinco deles de forma isolada. Esses números demonstram que, no contexto das eleições municipais, o ex-presidente Bolsonaro parece ter um alcance mais expressivo.
Apesar de Bolsonaro ter um menor número de aliados concorrendo nessas grandes cidades — 64 candidatos em comparação aos 81 aliados de Lula —, seus apoiados estão mais bem colocados nas pesquisas. O peso político do ex-presidente se reflete, principalmente, nas capitais, onde seus candidatos lideram em oito das 26 disputas. Esses dados reforçam a ideia de que, nas maiores cidades, o eleitorado tem uma maior afinidade com as figuras apoiadas por Bolsonaro, ou pelo menos com suas propostas e pautas.
Em contraste, o cenário é mais desafiador para os candidatos apoiados por Lula. Mesmo com uma presença numérica superior, muitos deles parecem enfrentar obstáculos para consolidar suas campanhas. A Folha de S.Paulo destaca que, em algumas capitais, esses candidatos têm adotado uma estratégia curiosa: “esconder” o apoio de Lula em suas campanhas. Isso ocorre, segundo o jornal, devido ao receio de que a rejeição ao presidente em alguns segmentos do eleitorado possa prejudicar suas chances nas urnas. Essa tática evidencia a complexidade da política eleitoral no Brasil, onde o apoio de uma figura popular em um grupo pode ser contraproducente em outro.
Outro ponto relevante no levantamento é a constatação de que, apesar de Lula ter uma maior base de aliados espalhados pelo país, esse apoio não se traduz necessariamente em liderança nas pesquisas. Em cidades onde o cenário político é mais competitivo e polarizado, os candidatos que se associam abertamente ao presidente têm enfrentado desafios para conquistar uma parcela maior do eleitorado. Isso reflete o fato de que a popularidade de Lula, embora considerável, encontra resistência em áreas específicas, o que obriga seus apoiados a adotarem estratégias diferentes para conseguir votos.
Por outro lado, o apoio de Bolsonaro parece ser mais homogêneo em grandes centros urbanos, onde seus aliados têm se destacado com maior facilidade. Essa vantagem também pode ser atribuída à estratégia de campanha do ex-presidente, que frequentemente visita cidades menores e médias, como Imperatriz, no Maranhão, para fortalecer sua base de apoio e mobilizar eleitores. Além disso, o discurso conservador e as pautas defendidas por Bolsonaro encontram eco em parcelas significativas do eleitorado urbano, principalmente entre aqueles que buscam alternativas à gestão de Lula.
Em resumo, o levantamento da Folha de S.Paulo revela um panorama interessante das eleições municipais de 2024, onde Jair Bolsonaro, apesar de contar com menos candidatos, tem mostrado uma força considerável em cidades de grande porte. Enquanto isso, os candidatos de Lula, embora mais numerosos, enfrentam desafios para consolidar suas campanhas, muitas vezes optando por estratégias que evitem associações diretas ao presidente. Essa dinâmica ressalta que, embora as figuras de Lula e Bolsonaro sejam centrais no cenário político nacional, a relevância de seus apoios varia bastante de acordo com o contexto local e as características do eleitorado de cada cidade.