Política

Bolsonaro é orientado a não ir a julgamento, por conta de…Ler mais

A semana começa com mais um capítulo decisivo na trajetória política e jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O líder da direita brasileira está diante de uma escolha delicada: comparecer ou não ao julgamento que entra em sua fase final nesta terça-feira, 2 de setembro. A dúvida em torno de sua presença adiciona suspense a um processo já marcado por forte polarização e atenção midiática.

Segundo aliados, a defesa orientou Bolsonaro a se manter distante do Supremo Tribunal Federal (STF). A avaliação é de que sua ida ao tribunal traria mais desgaste do que benefícios, especialmente em um momento em que cada gesto e palavra do ex-presidente são minuciosamente analisados por opositores e apoiadores. Ainda assim, Bolsonaro não bateu o martelo e segue refletindo sobre o que fazer. A hesitação revela a dimensão política da decisão, que vai muito além do campo jurídico.

De um lado, seus advogados sustentam que a presença física de Bolsonaro daria margem para interpretações negativas, alimentando a narrativa de que o ex-presidente estaria acuado diante da Justiça. A defesa teme que imagens do julgamento sejam exploradas por adversários em um ambiente de forte tensão política, onde a cobertura da imprensa tende a amplificar cada detalhe. De outro lado, há setores próximos ao ex-presidente que defendem a ida ao STF como um ato de coragem e demonstração de confiança, capaz de mobilizar sua base mais fiel e reforçar a ideia de perseguição política.

A dúvida sobre a presença de Bolsonaro no julgamento reacende lembranças de outros momentos de confronto com o Supremo. Desde o início de seu governo, o ex-presidente manteve uma relação marcada por críticas e choques com ministros da Corte. Em diversas ocasiões, chegou a acusar o tribunal de extrapolar suas funções, mobilizando apoiadores em manifestações que frequentemente tinham o STF como alvo. Nesse contexto, sua eventual ida ao julgamento seria vista como mais do que um gesto jurídico: seria também um movimento político carregado de simbolismo.

Enquanto a decisão não é tomada, Brasília vive dias de expectativa. Políticos de diferentes partidos observam atentamente os próximos passos de Bolsonaro, conscientes de que o desfecho pode impactar não apenas o futuro do ex-presidente, mas também o equilíbrio das forças políticas no país. Para aliados, qualquer sinal de fraqueza pode enfraquecer sua posição como principal liderança da oposição. Para adversários, a ausência seria interpretada como recuo estratégico, confirmando que o líder da direita prefere atuar à distância, preservando sua imagem junto à militância.

O Supremo, por sua vez, prepara-se para uma sessão que promete ser histórica. Ministros avaliam não apenas as provas e depoimentos reunidos no processo, mas também o peso institucional de sua decisão. Independentemente de Bolsonaro estar presente ou não, o julgamento será acompanhado ao vivo pela imprensa e pela opinião pública, com potencial para gerar repercussões internacionais. A postura do ex-presidente será, portanto, mais um elemento a ser interpretado dentro de um tabuleiro já complexo, no qual cada movimento tem consequências de longo alcance.

No fim das contas, a escolha de Bolsonaro sobre comparecer ou não ao julgamento sintetiza o dilema que acompanha sua trajetória política desde 2018: equilibrar o papel de líder popular, capaz de mobilizar multidões, com o de réu em processos que podem definir seu futuro. Se decidir ir ao STF, corre o risco de se expor a um desgaste irreversível. Se optar pela ausência, reforça a imagem de quem prefere lutar à distância. Em qualquer dos cenários, a sessão desta terça-feira promete marcar mais um capítulo decisivo na história recente do Brasil, colocando a política e a Justiça lado a lado sob os holofotes da nação.