Política

Bolsonaro pode ser preso hoje? Após STF definir pena ele terá q… Ler mais

A política brasileira viveu um marco histórico nesta quinta-feira (11), quando a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e 3 meses de prisão no processo da chamada “trama golpista”. A decisão, que mobilizou a opinião pública nacional e internacional, expõe um dos momentos mais críticos da democracia brasileira desde a redemocratização e reacende discussões profundas sobre a responsabilidade de ex-chefes de Estado diante de ataques às instituições.

A pena estabelecida foi dividida em dois tipos de sanções: 24 anos e 9 meses de reclusão, referentes a crimes que preveem cumprimento em regime fechado, e 2 anos e 9 meses de detenção, cabíveis em regime semiaberto ou aberto. Essa combinação representa uma das condenações mais severas já aplicadas a um ex-presidente no Brasil, sinalizando o rigor da Corte diante das acusações de tentativa de ruptura da ordem constitucional.

Apesar da contundência da decisão, a execução da pena só poderá ocorrer após o esgotamento das possibilidades de recurso. No modelo jurídico brasileiro, sentenças criminais só transitam em julgado — isto é, passam a ser definitivas — depois que todas as instâncias de apelação são analisadas. Isso significa que, por ora, Bolsonaro permanece com a perspectiva de apresentar recursos, que podem retardar ou até alterar os efeitos práticos da condenação.

Enquanto isso, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, o ex-presidente segue em prisão domiciliar. Bolsonaro está proibido de deixar sua residência em Brasília, sendo monitorado por tornozeleira eletrônica e por equipes da Polícia Federal destacadas para dentro de seu condomínio. A medida preventiva, segundo Moraes, foi adotada diante do risco de fuga, especialmente após movimentações internacionais do ex-presidente no período que antecedeu o julgamento.

A repercussão da decisão foi imediata. Aliados de Bolsonaro classificaram a condenação como uma perseguição política e afirmaram que irão mobilizar todos os recursos legais para reverter a sentença. Já setores da oposição e entidades da sociedade civil enxergaram na decisão um recado claro de que a democracia brasileira não tolerará tentativas de golpe, independentemente da posição ou influência política do acusado. A polarização, portanto, deve se aprofundar ainda mais no cenário nacional.

Analistas políticos destacam que a condenação abre uma série de desdobramentos jurídicos e eleitorais. Caso a decisão seja confirmada em instâncias superiores, Bolsonaro se tornará inelegível por décadas, afastando-o definitivamente das urnas. Isso pode provocar uma reconfiguração profunda na direita brasileira, que precisará definir novas lideranças e estratégias para manter sua base eleitoral. Ao mesmo tempo, o episódio coloca pressão sobre o STF, que deve enfrentar críticas mais intensas de setores que enxergam na decisão um excesso de protagonismo judicial.

Mais do que uma sentença individual, a condenação de Bolsonaro simboliza um divisor de águas para o Brasil. O processo não trata apenas da conduta de um ex-presidente, mas da preservação de valores fundamentais da democracia, como o respeito às instituições e à Constituição. Em meio a um país ainda marcado pela polarização e pela desconfiança em relação à política, a decisão do STF poderá ser lembrada como um ponto de inflexão: ou um passo firme em direção ao fortalecimento institucional, ou um capítulo que alimentará ainda mais divisões na sociedade brasileira.