Carlos Bolsonaro preocupa ao revelar estado de saúde de Bolsonaro, ele n… Ler mais

O cenário político brasileiro voltou a ser sacudido nesta quarta-feira (3), após declarações de Carlos Bolsonaro (PL-RJ) sobre o estado de saúde do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o vereador, o quadro clínico do ex-chefe do Executivo não é favorável. “O velho não está bem, mas resiste”, escreveu nas redes sociais. A mensagem surgiu justamente no segundo dia de julgamento que analisa o suposto envolvimento de Bolsonaro e aliados em uma tentativa de golpe de Estado. A simultaneidade entre os problemas de saúde e o processo judicial acendeu o debate entre apoiadores, críticos e especialistas sobre os rumos do ex-presidente.
De acordo com Carlos Bolsonaro, o pai depende de medicamentos “indispensáveis e extremamente controlados” para manter a estabilidade do organismo. O vereador relatou que o ex-presidente enfrenta episódios recorrentes de refluxo e soluços, sintomas que já haviam sido registrados em outras ocasiões desde a facada sofrida em 2018, durante a campanha presidencial. A família afirma acompanhar de perto cada detalhe da rotina médica, reforçando que o apoio dos parentes e de simpatizantes tem sido essencial neste momento delicado.
A narrativa de Carlos não se restringiu apenas à saúde. Ele voltou a atacar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão de Bolsonaro em 4 de agosto, classificando-a como “ilegal”. Para o filho do ex-presidente, a batalha do pai vai além das limitações físicas: seria também uma resistência contra aquilo que ele chama de “abusos” do Judiciário. “Não se trata de direita ou esquerda, mas de humanidade”, declarou, em apelo a uma mobilização mais ampla da opinião pública.
Enquanto isso, a rotina de Bolsonaro, agora recluso em sua residência em um condomínio no Jardim Botânico, em Brasília, contrasta com os dias de protagonismo político. Nesta quarta, ele fez uma breve aparição, caminhando por sua casa, em imagens que circularam pelas redes sociais. Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, também recorreu à internet para compartilhar que o marido recebeu flores da empresária Maria Amélia, gesto simbólico em meio à pressão judicial e ao clima de apreensão familiar.
O julgamento no STF, por sua vez, não é apenas sobre Bolsonaro. Outros sete militares estão no banco dos réus, acusados de compor uma organização criminosa que teria planejado não apenas um golpe contra as instituições democráticas, mas até atentados contra autoridades, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro Alexandre de Moraes. A gravidade das acusações, somada à condição de saúde debilitada do principal réu, confere ao processo uma dimensão histórica, capaz de impactar diretamente o futuro político do país.
Especialistas em ciência política apontam que a situação gera uma sobreposição de narrativas. De um lado, a defesa de Bolsonaro reforça a imagem de um líder perseguido, fragilizado no corpo, mas ainda resistente no espírito. De outro, a acusação insiste na tese de que o ex-presidente usou a força política e militar para tentar subverter a democracia brasileira. Esse choque de versões mantém a sociedade polarizada e faz com que cada revelação — seja médica ou judicial — seja interpretada conforme o viés ideológico de quem a recebe.
A conjugação entre saúde debilitada e julgamento por crimes graves coloca Bolsonaro em uma encruzilhada inédita. Para seus aliados, ele encarna a figura de um líder injustiçado; para seus opositores, representa a prova viva de que ninguém está acima da lei. Resta saber como essa tensão se desdobrará nos próximos meses, em um país que ainda carrega as cicatrizes da polarização política e que agora observa, em tempo real, os destinos de um ex-presidente sendo definidos tanto no campo da medicina quanto no da Justiça.
