Política

DEU RUIM DE VEZ: Trump não perdoa Morais e lhe dar duro castigo… Ver mais

A relação entre Brasil e Estados Unidos atravessa um de seus momentos mais delicados dos últimos anos. Após a surpreendente decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, a Casa Branca respondeu de forma enérgica. Sob a influência direta do presidente Donald Trump, os EUA passaram a discutir a aplicação de sanções contra a esposa do magistrado, a advogada Viviane Barci de Moraes, em um movimento que amplia a tensão institucional entre os dois países.

Segundo fontes do governo norte-americano, a principal proposta em análise é aplicar à advogada medidas previstas na Lei Magnitsky, legislação dos EUA voltada a punir envolvidos em corrupção e violações de direitos humanos. A medida é interpretada como uma extensão das sanções simbólicas já direcionadas a Alexandre de Moraes. Caso seja efetivada, Viviane Barci poderá ser impedida de atuar com clientes americanos, além de sofrer restrições bancárias e de viagens aos Estados Unidos. Trata-se de um ataque direto ao núcleo familiar de um dos principais nomes do Judiciário brasileiro.

O gesto é visto como retaliação direta à prisão de Bolsonaro, que, aos olhos do governo Trump, teria sido politicamente motivada. Desde a decisão do STF, assessores do ex-presidente dos EUA têm articulado, junto ao Departamento de Estado e à Casa Branca, uma série de represálias diplomáticas e econômicas. Entre as possibilidades discutidas estão a ampliação do tarifaço contra produtos brasileiros, a revogação de vistos de integrantes da cúpula do Judiciário e da Polícia Federal, além de parlamentares alinhados com a Corte. As discussões, entretanto, ainda não chegaram a um consenso.

Nos bastidores da crise, dois nomes brasileiros têm exercido papel de destaque: o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, e o comentarista político Paulo Figueiredo. Ambos participam ativamente das negociações em Washington e buscam, segundo fontes próximas, conter os efeitos colaterais das possíveis sanções. Eles têm trabalhado para evitar que a escalada atinja outros ministros do STF e defendem que o tarifaço não seja ampliado — sob o argumento de que isso prejudicaria a economia brasileira em um momento já sensível.

Entretanto, há uma linha vermelha que, se cruzada, poderá desencadear medidas mais severas. A estratégia, segundo interlocutores da Casa Branca, é guardar parte das punições para o caso de Jair Bolsonaro ser condenado na ação penal que responde por tentativa de golpe de Estado. A condenação, nesse cenário, serviria como gatilho para que os Estados Unidos ampliem a aplicação da Lei Magnitsky a outros ministros do Supremo. Com isso, Trump manteria pressão sobre o Judiciário brasileiro enquanto aguarda o desfecho do processo contra seu aliado político.

A ofensiva norte-americana marca um novo capítulo no embate entre o bolsonarismo e o STF. O uso da política externa como ferramenta de retaliação jurídica é incomum e tem gerado preocupação em setores diplomáticos brasileiros. Especialistas alertam para os riscos de uma crise prolongada com Washington, que pode afetar desde as exportações até as cooperações bilaterais em segurança e tecnologia. A reação do Itamaraty, até o momento, tem sido de cautela, com tentativas de evitar o agravamento do conflito.

Embora ainda em fase de análise, as sanções à esposa de Alexandre de Moraes já são o sinal mais concreto de que Donald Trump está disposto a intervir diretamente em defesa de Jair Bolsonaro. A atitude da Casa Branca coloca o STF em uma posição delicada no cenário internacional, ao mesmo tempo em que testa os limites da soberania brasileira diante de pressões externas. O desfecho da crise dependerá, em grande parte, do andamento do processo judicial contra Bolsonaro e da capacidade das instituições brasileiras de manter o equilíbrio diante da tempestade diplomática que se avizinha.