Política

Eduardo Bolsonaro faz duras críticas para Nikolas Ferreira, após descobrir q… Ver mais

Uma nova crise se desenha nos bastidores da direita brasileira. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, protagonizou nesta semana um duro embate público com o também deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), considerado um dos parlamentares mais influentes da nova geração conservadora. O episódio escancarou não apenas um embate pessoal, mas um possível racha ideológico e estratégico dentro do próprio Partido Liberal.

Tudo começou quando Eduardo Bolsonaro usou suas redes sociais para criticar abertamente uma atitude de Nikolas Ferreira. O motivo? O apoio dado por Nikolas a uma influenciadora digital conhecida como “Baianinha Intergalática”, durante um espaço de debate na plataforma X (antigo Twitter). A figura é conhecida por declarações polêmicas, incluindo críticas à família Bolsonaro.

O deputado republicou uma postagem do influenciador Coringa Opressor, que questionava o espaço dado à influenciadora: “Isso aconteceu mesmo? Se sim, o @nikolas_dm é canalha, pois essa vadia já falou merda até de minha filha doente”, dizia o texto compartilhado.

Eduardo endossou a crítica, reforçando que a influenciadora é “uma pessoa abjeta” e que já teria defendido sua prisão e a de seus familiares. “É triste ver a que ponto o Nikolas chegou”, escreveu.

Rompimento ou cobrança pública?
A crítica pública acendeu o alerta entre aliados bolsonaristas. O tom não foi apenas de desaprovação, mas de decepção com um aliado que, até pouco tempo, era tratado como pupilo político. Eduardo foi mais longe e afirmou que esperava mais engajamento de Nikolas nas pautas internacionais da direita, especialmente nos esforços feitos por ele nos Estados Unidos para denunciar o que considera perseguição política no Brasil.

“Ele é a maior voz conservadora nas redes sociais, sabe como viralizar um vídeo, como influenciar o debate. Não há como ele não entender a gravidade do que estamos enfrentando”, afirmou Eduardo em entrevista à Revista Oeste. “Por isso, me espanta que ele esteja tão silencioso sobre o que estamos construindo aqui nos EUA.”

Um silêncio incômodo
A ausência de apoio mais vocal de Nikolas Ferreira às movimentações internacionais do clã Bolsonaro tem sido vista como um gesto de distanciamento estratégico. Eduardo, que está em solo norte-americano há semanas, afirma estar trabalhando junto a grupos conservadores para pressionar instituições brasileiras — como o STF e a Polícia Federal — por supostas violações de direitos e perseguições políticas.

Esse movimento ocorre paralelamente à investigação em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), que tem Eduardo como um dos alvos. O deputado teve seu celular apreendido por ordem do ministro Alexandre de Moraes, está proibido de sair de Brasília e precisa usar tornozeleira eletrônica. As acusações incluem coação no curso do processo, obstrução de justiça e tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito.

O inquérito aponta que Eduardo teria atuado junto a representantes estrangeiros pedindo sanções contra autoridades brasileiras, o que é considerado uma violação grave à soberania nacional. No centro do embate, está a denúncia de que ele teria incentivado ações internacionais contra ministros do STF e outros membros de instituições federais.

Do apoio ao embate
Apesar das críticas duras, Eduardo tentou suavizar o discurso em determinado momento, elogiando a atuação política de Nikolas Ferreira. “Ele é um excelente deputado federal. Lembro quando ele usou uma peruca e fez um discurso impactante na Câmara. Eu mesmo o defendi publicamente contra Arthur Lira, quando o presidente da Casa quis repreendê-lo. Divulguei o vídeo, apoiei. Mas agora, sinceramente, esperava mais respaldo”, desabafou.

A fala de Eduardo não deixa dúvidas: o clima dentro do PL está longe da harmonia. Ainda que os dois deputados compartilhem valores ideológicos semelhantes, as estratégias políticas e as prioridades de atuação parecem caminhar por trilhas distintas.

O que está em jogo
Mais do que uma divergência pontual, o episódio entre Eduardo Bolsonaro e Nikolas Ferreira revela uma disputa de protagonismo na ala conservadora. De um lado, Eduardo busca manter acesa a chama do bolsonarismo raiz, com atuação internacional e confronto direto com o Judiciário. Do outro, Nikolas parece adotar um discurso mais dosado, com foco em manter sua força digital sem se envolver diretamente em embates judiciais.

Se essa diferença de posturas será superada ou aprofundada, ainda é cedo para saber. Mas uma coisa é certa: o episódio acendeu o alerta em um campo político que, até então, se mostrava coeso na adversidade. O racha pode enfraquecer a direita bolsonarista — justamente no momento em que ela mais tenta se reorganizar para as eleições municipais de 2024 e, principalmente, mirando 2026.