Finalmente c0rp0 de Preta Gil chega ao Brasil detalhe interessante é q… Ver mais

O corpo da cantora Preta Gil chegou ao Rio de Janeiro na manhã desta quinta-feira (24), marcando o início de uma despedida cercada de emoção, homenagens e reverência a uma artista que atravessou fronteiras e transformou o cenário musical e cultural do país. A chegada foi discreta, mas carregada de significado: pouco antes das 10h, o caixão foi levado para o laboratório do Cemitério e Crematório da Penitência, na Zona Portuária da cidade, onde acontecerá a cerimônia final nesta sexta-feira (25).
O translado começou ainda na madrugada, vindo de Nova York, nos Estados Unidos, onde Preta morreu no último domingo (20), aos 50 anos, após uma batalha intensa contra o câncer no intestino. O voo pousou primeiro no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, antes de seguir para o Aeroporto Santos Dumont, no Rio. A família esteve presente durante todo o trajeto, acompanhando o corpo da artista até sua cidade natal.
Velório aberto no Theatro Municipal e cortejo por bloco que leva seu nome
A despedida oficial acontecerá em um dos palcos mais simbólicos da cultura carioca: o Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Na sexta-feira (25), fãs, amigos e colegas de profissão poderão se despedir de Preta Gil em uma cerimônia aberta ao público das 9h às 13h. Em seguida, um cortejo seguirá pelas ruas do Centro, passando pelo circuito de megablocos de Carnaval que leva o nome da cantora.
Esse mesmo circuito, que já foi palco de tantas apresentações marcantes da artista, será agora cenário de uma homenagem repleta de música, cor e emoção — tudo o que Preta Gil representava. A escolha do local reforça seu legado como ícone do Carnaval carioca e mulher de posicionamento firme, irreverente e afetiva, que fazia da rua uma extensão de sua arte e de seu ativismo.
Cerimônia íntima e cremação marcada para o fim da tarde
Após o cortejo, o corpo será levado à capela ecumênica do Crematório da Penitência, onde uma cerimônia restrita a familiares e amigos próximos ocorrerá entre 15h e 17h. Em seguida, o corpo da cantora será encaminhado para a cremação.
Essa etapa final respeita os desejos da família e preserva um espaço íntimo de luto, longe dos holofotes. Uma despedida silenciosa e reservada para aqueles que conviveram de perto com a mulher além da artista — a filha, a mãe, a amiga, a parceira de vida.
A luta contra o câncer e os últimos dias em Nova York
Preta Gil enfrentava desde janeiro de 2023 um câncer colorretal. Inicialmente tratada no Brasil, passou por sessões de quimioterapia e radioterapia, além de uma cirurgia para retirada de tumores em agosto de 2024. Apesar dos avanços iniciais, a doença voltou a se manifestar, atingindo outras regiões do corpo.
Em busca de alternativas, Preta seguiu para os Estados Unidos, onde iniciou um tratamento experimental em Washington, enquanto permanecia hospedada em Nova York. Ela chegou a demonstrar otimismo com o novo protocolo terapêutico, mas no último fim de semana passou mal dentro de uma ambulância a caminho do aeroporto, quando se preparava para voltar ao Brasil. Não resistiu.
Legado de arte, afeto e coragem
Filha do lendário Gilberto Gil, sobrinha de Caetano Veloso e afilhada de Gal Costa, Preta Gil nasceu rodeada de música e talento. Mesmo assim, traçou seu próprio caminho. Largou a publicidade e a produção artística para se lançar como cantora aos 29 anos, desafiando padrões com o álbum “Prêt-à-Porter” — cuja capa, em que aparecia nua, gerou polêmica e críticas conservadoras. O disco trazia o sucesso “Sinais de Fogo”, escrito por sua amiga Ana Carolina especialmente para ela.
Em entrevista a Pedro Bial, Preta relembrou esse momento com a sinceridade que a tornou tão querida do público. “Meu pai disse: ‘Desnecessário, Preta’. E ele tinha razão. Eu achava que estava arrasando, mas veio uma avalanche de críticas. Foi difícil, mas também foi libertador.”
Mais do que cantora, Preta Gil foi símbolo de representatividade. Defensora da liberdade dos corpos, dos direitos LGBTQIAPN+, do amor próprio e da diversidade, ela usou sua visibilidade para abrir caminhos e romper estigmas. Sua voz nunca foi apenas melodia — era manifesto, era presença.
O Brasil se despede de Preta, mas seu brilho permanece
A morte de Preta Gil deixa um vazio irreparável na música brasileira e no coração de milhões de admiradores. Mas seu legado está longe de desaparecer. Ecoa nos trios elétricos, nas rodas de samba, nas redes sociais, nos discursos corajosos e em cada mulher que ousa ocupar espaços com autenticidade.
Nesta sexta-feira, o Rio de Janeiro não chora apenas a perda de uma artista. Celebra a existência de uma mulher que fez da vida um palco de amor, luta e entrega.
