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Sobrinho de idoso que morreu após ataque de onça, fala a verdade sobre o caso. “Ela não m”… Ver mais

O trágico fim de Jorge Avalo, 60 anos, conhecido como “Jorginho”, caseiro de um pesqueiro na região do Touro Morto, no Pantanal sul-mato-grossense, levanta questões inquietantes sobre a convivência entre homem e natureza selvagem.

Uma tragédia anunciada?
O ataque aconteceu na madrugada de domingo (20/4), mas o desfecho só foi descoberto dois dias depois, com a localização dos restos mortais da vítima em uma área de mata densa próxima ao Rio Aquidauana. O caso chocou moradores, autoridades e ambientalistas pela frieza do ataque — e pela revelação de que a onça já monitorava sua presa havia dias, talvez semanas.

Quem conta isso é o próprio sobrinho de Jorginho, que acompanhava a rotina do tio no pesqueiro. Segundo ele, a onça parecia “amansar” o homem, tornando-se presença frequente nos arredores, à espreita, silenciosa, ganhando confiança para agir.

“Ela vivia rondando o pesqueiro. Ele via, mas achava que não ia dar em nada. No fim, foi a onça quem amansou ele”, relata o sobrinho.

Uma rotina previsível, um ataque calculado
Jorginho tinha um ritual matinal quase cronometrado. Levantava-se às 5h30, preparava seu café, e por volta das 5h50 caminhava até os barcos para fazer verificações. A onça sabia disso. Através de imagens das câmeras de segurança, foi possível constatar que o animal aparecia com frequência nas margens da água, ora caminhando, ora deitado — observando, aprendendo a rotina do homem.

Na manhã fatídica, ela estava à espreita. Escondida entre a vegetação, aguardou o momento exato em que Jorginho estava vulnerável. E atacou.

As buscas e o reencontro com o predador
A busca pelos restos mortais foi intensa. Moradores locais, pescadores, policiais civis e a Polícia Militar Ambiental se embrenharam pela mata, seguindo rastros, cheiros e pistas deixadas pelo predador.

Foi uma trilha de horror: marcas de arrasto indicavam que o corpo de Jorginho fora levado por mais de 50 metros pela onça. No local onde os restos foram encontrados, uma nova surpresa: a onça voltou. Como se quisesse proteger sua presa, ela tentou esconder os restos novamente e ainda avançou contra os agentes e populares que participavam da varredura, ferindo um dos homens.

O vídeo que revela a verdade
Durante as buscas, um vídeo gravado pelas equipes de resgate mostra os rastros da onça e a localização dos restos da vítima. A perícia confirmou: as marcas nos ossos e os padrões do ataque são compatíveis com uma onça-pintada adulta.

A cena impacta: o rei da mata, silencioso e mortal, espreita e ataca quando menos se espera — mesmo quando a vítima acredita que já conhece os perigos ao seu redor.

Fera ou sobrevivente? O que motivou o ataque?
A Polícia Militar Ambiental agora investiga os motivos do ataque. Uma das hipóteses levantadas é a escassez de presas naturais na região devido à estiagem prolongada, o que teria forçado o animal a se aproximar dos humanos.

Outra possibilidade é o comportamento defensivo do animal, provocado por excesso de presença humana no seu território. Jorginho talvez, sem saber, tenha cruzado uma linha invisível ao continuar alimentando a confiança de que aquela onça era apenas uma curiosidade da fauna local.

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O trágico caso de Jorginho é um alerta contundente sobre os riscos de subestimar a natureza selvagem. O Pantanal, com toda sua beleza e riqueza, continua sendo território de predadores — e os humanos, por vezes, esquecem que estão apenas de passagem.