Triste e abatido: Bolsonaro faz seu ultimo pedido a Moraes, ele gost… Ler mais

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) protocolou, nesta sexta-feira (5), um novo pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando que o vice-presidente do Partido Liberal, Bruno Scheid, tenha autorização para realizar visitas contínuas à residência onde o ex-chefe do Executivo cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto. Essa é a segunda solicitação em menos de 20 dias que envolve diretamente o nome de Scheid e foi encaminhada ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação. A estratégia da equipe jurídica de Bolsonaro evidencia a tentativa de flexibilizar as restrições impostas pelo Judiciário, argumentando questões de saúde e apoio familiar.
De acordo com os advogados, a liberação de acesso irrestrito de Scheid teria como principal objetivo garantir suporte pessoal e político a Bolsonaro em um momento delicado. No documento, a defesa ressalta que a relação entre ambos extrapola a esfera partidária, sendo marcada por amizade e proximidade com a família do ex-presidente. Essa conexão, segundo o texto protocolado, justifica a presença contínua de Scheid no dia a dia do político. “Tal vínculo pessoal e familiar reforça a pertinência de sua presença na residência, sobretudo diante da impossibilidade de que a esposa do Peticionante concilie integralmente a atividade laboral com os cuidados exigidos”, afirmam os advogados.
Não é a primeira vez que a defesa de Bolsonaro tenta viabilizar um canal mais direto entre ele e lideranças políticas. Em 15 de agosto, a equipe já havia incluído o nome de Scheid em uma lista de aliados para os quais solicitava acesso livre à residência. Além dele, figuravam no pedido nomes de peso dentro do PL e da oposição, como o presidente da sigla, Valdemar da Costa Neto; o vice-presidente da Câmara, Altineu Côrtes (PL-RJ); o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN); o líder da oposição na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ); e a deputada federal Carolina De Toni (PL-SC). A justificativa apresentada, à época, era a de que a interação com essas lideranças era “frequente e necessária” para a manutenção da articulação política do grupo.
Até o momento, o ministro Alexandre de Moraes não se manifestou sobre nenhum dos pedidos apresentados. O silêncio do magistrado mantém em suspenso a possibilidade de Bolsonaro retomar parte de sua rotina de articulações políticas, ainda que restrito à prisão domiciliar. O caso ganha maior relevância em meio ao cenário político turbulento que envolve a oposição e a expectativa sobre como o PL irá se posicionar em votações estratégicas no Congresso. Uma decisão favorável poderia reforçar o protagonismo de Bolsonaro no comando das negociações, mesmo afastado fisicamente dos bastidores de Brasília.
A situação também expõe uma tensão latente entre o Judiciário e o núcleo político ligado ao ex-presidente. Enquanto Moraes mantém um rigoroso controle sobre as condições da prisão domiciliar, a defesa insiste em flexibilizações que, na prática, ampliariam a margem de atuação política de Bolsonaro. Essa disputa, que mistura saúde, amizade pessoal e cálculo partidário, é acompanhada de perto tanto pelos aliados quanto pelos adversários, atentos às consequências que uma decisão do STF pode ter no equilíbrio de forças em Brasília.
Para o PL, a presença de Scheid junto a Bolsonaro seria estratégica. Como vice-presidente da sigla, Scheid atua diretamente na articulação interna e na condução de pautas de interesse da legenda. Sua entrada contínua na residência de Bolsonaro permitiria não apenas a prestação de apoio pessoal, mas também a manutenção de um fluxo político estável, em um momento em que o partido busca consolidar-se como principal força de oposição ao governo federal. A ausência dessa ponte direta pode representar, segundo aliados, um enfraquecimento da influência do ex-presidente sobre sua própria base.
Ainda não há previsão de quando o Supremo se pronunciará sobre o novo pedido, mas a movimentação da defesa sugere que a insistência em torno do nome de Bruno Scheid será um ponto central da estratégia jurídica. Enquanto isso, o ex-presidente segue cumprindo sua prisão domiciliar em meio a um quadro de saúde que, segundo a defesa, exige atenção constante. A decisão de Moraes poderá definir se Bolsonaro terá ao seu lado, de forma contínua, um de seus aliados mais próximos no partido — algo que, para além das questões pessoais, pode redesenhar os rumos da oposição no atual cenário político.
