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Janja recebe duro castigo após fazer deboche da condenação de Bolsonaro, ela f… Ler mais

A cena política brasileira ganhou novos contornos nesta sexta-feira (12/9), um dia após o Supremo Tribunal Federal (STF) condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e três meses de prisão. A decisão histórica, fruto do julgamento da chamada “trama golpista”, não apenas marcou a política nacional, mas também incendiou as redes sociais. Entre os destaques das reações, esteve a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, que usou de ironia para se manifestar em meio ao momento turbulento. Em suas contas, ela compartilhou memes, incluindo a famosa personagem Nazaré Tedesco, interpretada por Renata Sorrah, desejando “bom dia” ao público.

A publicação de Janja não veio sozinha. Antes do meme da vilã de novela, ela já havia postado outra imagem que chamou atenção: a clássica cena de Michael Jackson comendo pipoca no clipe da música Thriller. O gesto, comumente usado na internet para simbolizar quem acompanha uma polêmica como espectador curioso, coincidiu justamente com o horário em que o STF analisava a dosimetria da pena de Bolsonaro. Para muitos usuários, a atitude da primeira-dama foi vista como uma forma sutil — e ao mesmo tempo provocativa — de celebrar a decisão da Suprema Corte.

Enquanto Janja usava o humor como ferramenta de expressão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve-se em silêncio sobre a condenação do antecessor. No momento em que o julgamento se encaminhava para a conclusão, Lula participava de um evento oficial no Palácio do Planalto, ao lado de ministros e do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). A escolha do petista de não se pronunciar publicamente foi interpretada como uma estratégia política para evitar alimentar a polarização, deixando que a resposta ficasse restrita ao campo judicial e às manifestações partidárias.

A condenação de Jair Bolsonaro, por quatro votos a um, foi considerada um marco. O ex-presidente foi responsabilizado pelos crimes de liderança de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e dano qualificado contra o patrimônio da União. A Procuradoria-Geral da República (PGR) havia defendido a punição com base na gravidade dos atos, destacando a violência, a ameaça e o prejuízo causado a bens públicos tombados durante os episódios investigados. A pena de mais de 27 anos reflete, segundo os ministros, a soma das responsabilidades atribuídas ao ex-chefe do Executivo.

A repercussão política foi imediata. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, usou as redes sociais para recordar o polêmico voto de Bolsonaro durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016. Na ocasião, o então deputado federal declarou apoio à destituição da petista evocando o nome do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, reconhecido como torturador pela Justiça brasileira. “Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas Forças Armadas, pelo Brasil acima de tudo e por Deus acima de tudo, o meu voto é sim”, disse Bolsonaro naquele momento, em um discurso que ficou marcado pela exaltação ao regime militar.

O contraste entre aquele episódio e a condenação atual foi o ponto central da fala de Gleisi. Para a deputada, a decisão do STF simboliza uma resposta histórica contra aqueles que tentaram fragilizar a democracia brasileira. “Hoje, Bolsonaro foi condenado porque tentou dar um golpe de Estado em nosso país. É o curso da história punindo quem defendeu a ditadura e nos lembrando de homenagear quem lutou corajosamente contra o arbítrio e a injustiça. Valeu a luta, Dilma. Ditadura nunca mais. Democracia sempre!”, escreveu. A mensagem repercutiu amplamente e reacendeu debates sobre a memória da ditadura militar e os desafios atuais do sistema democrático.

Nas redes sociais, a postura de Janja dividiu opiniões. Se por um lado apoiadores do governo aplaudiram a leveza com que a primeira-dama abordou um momento de alta tensão política, por outro, críticos acusaram-na de debochar de uma decisão que ainda mobiliza milhões de brasileiros. O tom escolhido pela esposa de Lula, contudo, reforça sua imagem como figura ativa nas discussões públicas, não apenas no campo social, mas também no político, estabelecendo uma comunicação direta com a população em um espaço onde a narrativa muitas vezes é moldada por símbolos e humor.

A condenação de Bolsonaro, a postura silenciosa de Lula e a ironia de Janja ilustram um Brasil onde a política transborda os gabinetes e se mistura ao cotidiano digital dos cidadãos. O episódio deixa evidente como memes, discursos e gestos simbólicos podem se tornar protagonistas na forma como a sociedade interpreta acontecimentos de grande impacto. Entre julgamentos históricos e postagens virais, a democracia brasileira segue escrevendo capítulos que dificilmente serão esquecidos.