Após julgamento: Moraes decide liberar Jair Bolsonaro para que possa… Ler mais

O cenário político brasileiro ganhou novos contornos nesta segunda-feira (15), após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizar visitas de figuras de destaque do Partido Liberal (PL) ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar desde o dia 4 de agosto. A decisão, aguardada com expectativa por aliados do ex-chefe do Executivo, abre espaço para movimentações políticas dentro do partido e reacende debates sobre o futuro da legenda diante da condenação histórica imposta ao seu maior líder.
Bolsonaro foi sentenciado na última semana pela Primeira Turma do STF a 27 anos e três meses de prisão, sob acusação de tentativa de golpe. O julgamento, que terminou em placar de 4 votos a 1, marcou um capítulo sem precedentes na história democrática brasileira. Embora em regime domiciliar, a presença política do ex-presidente continua a reverberar entre apoiadores e opositores, e cada decisão sobre sua rotina ganha repercussão nacional.
Entre os autorizados a se encontrar com Bolsonaro estão nomes de peso da cúpula do PL. O senador Rogério Marinho (PL-RN), um dos principais articuladores do partido no Senado, foi liberado para visitá-lo no dia 23 de setembro, entre 9h e 18h. No dia seguinte, 24 de setembro, será a vez do líder da legenda na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Já no dia 25, quem terá acesso ao ex-presidente será Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL e figura central nas estratégias da sigla para 2026. A definição dos horários reforça a intenção de Moraes em organizar o fluxo de visitas sem comprometer a rotina de fiscalização do cumprimento da pena.
Além dos dirigentes do PL, Moraes também autorizou visitas de outros aliados políticos próximos a Bolsonaro. Entre eles, o deputado Rodrigo Valadares (União-SE), o senador Wilder Moraes (PL-GO) e o ex-ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida. Para a defesa, os encontros têm “objetivo específico”, permitindo um diálogo direto sobre questões de interesse pessoal e partidário. Nos bastidores, no entanto, a expectativa é que as conversas ultrapassem o campo individual e avancem para estratégias de resistência política e manutenção da influência de Bolsonaro sobre a base conservadora.
O pedido de autorização foi protocolado pela defesa do ex-presidente ainda na tarde desta segunda-feira e rapidamente analisado por Moraes. Advogados destacaram a “necessidade de diálogo pessoal” entre Bolsonaro e seus aliados mais próximos, alegando que esses encontros seriam fundamentais para tratar de assuntos internos do partido e questões relacionadas à sua situação jurídica. A decisão do ministro, embora restrita a visitas pontuais e previamente agendadas, foi vista como uma vitória parcial para o campo bolsonarista, que busca manter o ex-presidente ativo nos debates políticos, mesmo em condição de reclusão.
A repercussão do despacho não demorou a se espalhar. Parlamentares alinhados à esquerda criticaram a autorização, argumentando que as visitas podem abrir brechas para articulações políticas incompatíveis com a condição de preso do ex-presidente. Já apoiadores do PL enxergaram no gesto de Moraes uma sinalização de respeito às prerrogativas políticas do partido. A decisão reacendeu discussões sobre os limites da prisão domiciliar, tema que deve se intensificar nos próximos meses à medida que Bolsonaro e seu entorno busquem estratégias para preservar sua relevância no cenário nacional.
Apesar da condenação e do isolamento forçado, Bolsonaro segue como figura central na política brasileira. O movimento em torno das visitas autorizadas por Moraes evidencia que sua liderança ainda exerce forte magnetismo sobre aliados e que o PL continua a se organizar em torno do ex-presidente, mesmo diante das incertezas jurídicas. Nos próximos dias, todas as atenções estarão voltadas para os encontros, que podem revelar pistas sobre o futuro da legenda e o papel de Bolsonaro nas disputas políticas que se desenham até 2026.
