Brasil em oração: Bolsonaro e levado as pressas ao hospital em estado g… Ler mais

Na tarde desta terça-feira (16), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi encaminhado às pressas para o Hospital DF Star, em Brasília, após passar mal em sua residência. Acompanhado por escolta da Polícia Penal, responsável por monitorar o cumprimento de sua prisão domiciliar, Bolsonaro apresentou um quadro de crise de soluço, vômito e queda de pressão arterial. O episódio provocou mobilização imediata, tanto no cenário político quanto entre seus apoiadores, reacendendo preocupações sobre o estado de saúde do ex-chefe do Executivo.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, foi o primeiro a confirmar publicamente a internação. Em uma publicação feita em sua conta no X (antigo Twitter), Flávio pediu orações para que o quadro do pai não seja grave. “Peço a oração de todos para que não seja nada grave”, escreveu, em tom de preocupação. A mensagem viralizou rapidamente, colocando o nome de Bolsonaro entre os assuntos mais comentados da rede social e despertando a atenção da imprensa nacional e internacional.
Este novo episódio ocorre apenas dois dias depois de Bolsonaro ter sido submetido a um procedimento dermatológico para a retirada de lesões de pele. No domingo (14), ele passou cerca de cinco horas no mesmo hospital de Brasília, sob supervisão médica. Na ocasião, os exames apontaram anemia por deficiência de ferro e resquícios de uma pneumonia recente, de acordo com boletim divulgado pela equipe que o atendeu. Agora, os sintomas apresentados levantam dúvidas sobre a evolução de seu quadro clínico e a necessidade de tratamento mais intensivo.
A condição de saúde do ex-presidente é acompanhada de perto não apenas por seus familiares e aliados, mas também por seus opositores e pela Justiça. Desde 4 de agosto, Bolsonaro cumpre prisão domiciliar em Brasília, medida decretada no âmbito de um inquérito que investiga a atuação de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), nos Estados Unidos. Desde então, esta é a terceira vez que o ex-presidente deixa sua casa para atendimento hospitalar, sempre sob supervisão da Polícia Penal. O deslocamento só é autorizado sem comunicação prévia ao Supremo Tribunal Federal (STF) em situações emergenciais, como a desta terça-feira.
Além dos problemas de saúde, Bolsonaro enfrenta um cenário jurídico delicado. Na semana passada, o STF condenou o ex-presidente a 27 anos e três meses de prisão pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e outros relacionados ao plano que visava reverter o resultado da eleição presidencial de 2022. A sentença foi considerada histórica e gerou ampla repercussão, aprofundando a polarização política no país. O quadro clínico do ex-presidente, portanto, se soma a um ambiente já marcado por instabilidade e forte tensão institucional.
Aliados de Bolsonaro têm utilizado os episódios de internação para argumentar que o ex-presidente não possui condições de saúde para permanecer em regime de prisão domiciliar, defendendo a concessão de medidas alternativas. Críticos, por outro lado, veem nas sucessivas idas ao hospital uma estratégia para criar narrativas de vitimização e pressionar a Justiça. Em meio a esse embate, médicos reforçam que o quadro de anemia pode fragilizar o organismo, exigindo acompanhamento constante, especialmente para um paciente que já possui histórico de complicações desde o atentado à faca em 2018.
O futuro imediato de Bolsonaro dependerá tanto da evolução de seu estado de saúde quanto das decisões jurídicas que ainda estão por vir. Caso os sintomas apresentados nesta terça-feira se agravem, não está descartada a necessidade de internação prolongada, o que poderia alterar a forma como sua prisão domiciliar vem sendo executada. Enquanto isso, apoiadores organizam vigílias e correntes de oração em redes sociais, e adversários acompanham cada desdobramento com atenção. Entre a preocupação com a saúde e a sombra de condenações judiciais, Bolsonaro segue no centro do noticiário, misturando fragilidade clínica com a tempestade política que ainda o envolve.
