Orem pelo Jair: Cabe a Michelle dar notícia ao Brasil sobre Bolsonaro, ele… Ler mais

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permanece internado no Hospital DF Star, em Brasília, depois de sofrer uma queda de pressão, episódios de vômitos e uma crise de soluços na noite desta terça-feira (16/9). A situação provocou apreensão entre apoiadores e movimentou o cenário político, já que o episódio ocorreu poucos dias após sua condenação no Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com informações confirmadas pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, nesta quarta-feira (17/9), o ex-mandatário foi submetido a uma ressonância magnética para investigar as causas de tonturas recorrentes.
O boletim médico divulgado pelo hospital detalha que Bolsonaro chegou à emergência em estado de desidratação, apresentando queda de pressão arterial, aumento da frequência cardíaca e sinais de pré-síncope. Os exames laboratoriais revelaram persistência de anemia e alterações na função renal, incluindo elevação da creatinina, quadro que exige atenção médica. A ressonância magnética de crânio não identificou alterações agudas, mas o procedimento foi considerado necessário para descartar problemas neurológicos. Segundo a equipe responsável, houve melhora parcial após hidratação e administração de medicamentos, embora sua permanência no hospital continue sob avaliação.
Durante a manhã, Bolsonaro seguiu em dieta líquida e sob monitoramento constante de pressão arterial. Uma equipe médica de São Paulo, responsável por acompanhá-lo desde complicações decorrentes da facada sofrida em 2018, foi acionada e se deslocou até Brasília para dar continuidade aos exames e acompanhar a evolução clínica. O ambiente hospitalar permanece restrito, mas a presença da ex-primeira-dama Michelle e de seguranças reforça a rotina de um ex-presidente que ainda mobiliza forte aparato de proteção.
A movimentação para levá-lo ao hospital chamou atenção da vizinhança no Jardim Botânico, região nobre de Brasília. O ex-presidente deixou sua residência em um comboio policial, acompanhado de helicóptero de suporte aéreo. A cena rapidamente ganhou repercussão nas redes sociais, onde apoiadores e críticos comentaram o episódio. Para muitos, a internação reforça a imagem de fragilidade de Bolsonaro em um momento particularmente delicado de sua trajetória política e pessoal.
A coincidência temporal entre o quadro de saúde e o desfecho de um dos julgamentos mais aguardados do ano no STF adiciona contornos dramáticos à situação. No último dia 11 de setembro, a Primeira Turma da Corte condenou Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão, por supostamente liderar uma trama golpista destinada a impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após a derrota nas eleições de 2022. O julgamento, que terminou em 4 votos a 1, também resultou na condenação de sete de seus aliados mais próximos. Apenas o ministro Luiz Fux votou pela absolvição do ex-chefe do Executivo.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) imputou ao ex-presidente crimes graves, como tentativa de abolir violentamente o Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, chefiar organização criminosa armada e causar danos ao patrimônio público, incluindo bens tombados. Bolsonaro e sua defesa negam todas as acusações e prometem recorrer, argumentando que o julgamento teve caráter político e desrespeitou garantias constitucionais. A condenação, somada ao estado de saúde frágil, coloca em xeque a capacidade do ex-presidente de manter protagonismo no cenário político e até mesmo de liderar a oposição de forma ativa.
A internação de Jair Bolsonaro, portanto, ocorre em um momento em que o futuro político do ex-presidente parece mais incerto do que nunca. Entre a pressão judicial e os problemas médicos recorrentes, sua presença no debate nacional pode ser reduzida a aparições pontuais, intermediadas pela figura de Michelle Bolsonaro, que cresce em influência dentro do núcleo bolsonarista. Enquanto isso, o país acompanha com atenção cada novo boletim médico e cada movimentação judicial, em um enredo que mistura saúde, poder e justiça, e que mantém o ex-presidente no centro das atenções, mesmo longe do Palácio do Planalto.
