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Mãe passa mal e morre em julgamento do suspeito de matar o seu filho, ela nã… Ver mais

O silêncio solene de um tribunal foi rompido por uma tragédia inesperada e profundamente comovente. Durante o julgamento do homem acusado de matar seu filho, Lourdes Moreira Dias, de 59 anos, sofreu uma parada cardíaca e faleceu diante do júri, na última terça-feira (29), em Guanambi, no sudoeste da Bahia. O caso chocou não apenas os presentes no fórum, mas também toda a comunidade local, que acompanhava o desfecho de um crime brutal ocorrido há mais de uma década.

O drama no tribunal

Era para ser o dia da justiça. Lourdes compareceu ao Fórum Ministro Hermes Lima com a esperança de ver o suposto assassino de seu filho finalmente responsabilizado pelo crime. No entanto, momentos após o início da sessão do Júri Popular, a emoção tomou conta. A mãe não resistiu à tensão e desabou no plenário.

Imediatamente, o julgamento foi suspenso e os presentes tentaram prestar socorro. Ela foi levada às pressas ao Hospital Geral de Guanambi (HGG), mas, infelizmente, os médicos constataram o óbito. O corpo foi encaminhado ao Departamento de Polícia Técnica (DPT) para a realização da necropsia. Até o momento, não foram divulgadas informações sobre o sepultamento.

Uma década de dor e espera

A tragédia vivida por Lourdes é o desfecho doloroso de uma longa espera por justiça. Seu filho, Fabiano Moreira Dias, foi baleado em fevereiro de 2014, enquanto participava de uma festa na zona rural de Carinhanha, município vizinho a Guanambi. O jovem foi socorrido e internado, mas teve morte cerebral confirmada três dias depois. Desde então, a família lutava para que o responsável fosse julgado.

O caso mobilizou a região à época e voltou à tona com a marcação do julgamento do acusado, cujo nome ainda não foi divulgado oficialmente pelas autoridades. A comoção ao redor do caso aumentou com a morte de Lourdes em pleno tribunal, tornando o momento ainda mais simbólico e trágico.

O impacto psicológico do luto prolongado

A morte de Lourdes evidencia o peso emocional que muitas famílias carregam quando aguardam por anos um julgamento. Psicólogos especializados em trauma e luto apontam que a espera por justiça pode agravar estados de ansiedade e depressão, principalmente quando há forte envolvimento emocional e expectativa de encerramento simbólico com a condenação do acusado.

Lourdes, segundo pessoas próximas, nunca superou a perda do filho. “Ela vivia para aquele dia, acreditava que ver o réu condenado traria algum tipo de paz. Infelizmente, não conseguiu suportar a pressão emocional”, relatou um familiar, que preferiu não se identificar.

Suspensão e repercussão do julgamento

Após a morte da mãe da vítima, o julgamento foi imediatamente interrompido. A equipe do fórum informou que o Tribunal de Justiça da Bahia deverá remarcar uma nova data para o júri, mas a suspensão por motivos tão dramáticos trouxe questionamentos sobre o preparo emocional de testemunhas e familiares em casos de forte comoção.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Guanambi manifestou pesar e solicitou que o tribunal avalie mecanismos de apoio psicológico para familiares envolvidos em julgamentos de crimes violentos.

Reações e comoção pública

A tragédia provocou forte reação nas redes sociais e na imprensa local. Diversos moradores de Guanambi e Carinhanha publicaram mensagens de luto e solidariedade à família. “Lourdes era uma mulher guerreira, uma mãe que nunca desistiu. Que ela encontre agora o descanso que tanto procurou”, escreveu uma internauta.

A morte no tribunal também despertou debate sobre o tempo que o sistema judiciário leva para julgar casos criminais. “Onze anos é uma eternidade para quem perdeu um filho de forma tão violenta. A Justiça precisa ser mais célere”, disse um advogado criminalista da região.

Justiça ainda espera um fim

Enquanto a cidade ainda se recupera do choque, o processo criminal segue em aberto. O réu deverá enfrentar o Tribunal do Júri em nova data, ainda não divulgada. Resta saber se, neste novo capítulo, a justiça que Lourdes tanto buscou será, enfim, concretizada – mesmo que tarde demais para que ela veja o veredito com os próprios olhos.


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